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- DirectorMarialy RivasStarsAlicia RodríguezAline KüppenheimMaría Gracia OmegnaDaniela, raised in the bosom of a strict Evangelical family and recently unmasked as a fornicator by her shocked parents, struggles to find her own path to spiritual harmony."Sai de cartaz a "Jovem e Bela", de François Ozon. Entra a "Jovem Aloucada", da estreante chilena Marialy Rivas. Em comum, além da proximidade do título, há a protagonista em conflito com a família por conta de sua sexualidade latente. Se a personagem do francês Ozon era uma adolescente que se prostituía sem necessidade material para tanto, a chilena Daniela (Alicia Rodríguez) é uma garota de 17 anos que quer viver plenamente a descoberta sexual, mas entra em choque com a repressora mãe evangélica. Expulsa do colégio por fazer sexo com outro aluno, a menina vai trabalhar, a pedido da mãe, em uma TV cristã - onde se apaixona ao mesmo tempo por um colega religioso (Felipe Pinto), que resiste à tentação da carne, e por uma outra colega (María Gracia Omegna) que prefere a cama à igreja. A válvula de escape de Daniela é um site pessoal em que ela expõe publicamente seu conflito entre fé e desejo - e que foi inspirado em um blog real de uma adolescente chilena. A direção de Marialy Rivas pode não ter a elegância e a sutileza de um Ozon, mas isso não chega a constituir um problema, já que seu objetivo é reproduzir a vitalidade e a dispersão típicas da adolescência - além da estética de blog, com sua colagem de textos e imagens intencionalmente poluída. Ao seguir bem de perto sua protagonista peculiar, "Jovem Aloucada" consegue abordar as contradições de uma sociedade encurralada entre o conservadorismo e a libertação. Um país também adolescente, cheio de tesão e de travas." (Ricardo Calil)
2012 Sundance - DirectorClaude ChabrolStarsBernadette LafontClotilde JoanoStéphane AudranFour Parisian women navigate the world of romance and daily life looking to fulfill their dreams but often find real-life to be inescapable."Em várias ocasiões, Claude Chabrol mencionou Paul Gégauff como uma espécie de mentor de boa parte da nouvelle vague. Inclusive dele. Gégauff é o roteirista (com Chabrol) de "Entre Amigas", de 1960, história de quatro jovens mulheres que buscam o amor e cujos sonhos uma hora são confrontados com a vida real. Não se pode esquecer: Chabrol é um discípulo de Fritz Lang. E da busca de um parceiro pode resultar um encontro com o desconhecido. Caso estranho será vivido por Jacqueline (Clotilde Joano), num filme em que o elenco feminino brilha. Só uma questão: por que a TV5 Monde fornece uma programação tão precisa se, depois, os filmes começam quando bem entendem?" (* Inácio Araujo *)
- DirectorVicente Alves do ÓStarsDalila CarmoIvo CanelasAlbano JerónimoShaken by a divorce in the 1920s, Portuguese poetess Florbela Espanca uses her writing to deal with her tumultuous relationship with men, eroticism and love.''Do atual cinema português, conhecemos no Brasil sobretudo filmes pequenos, modernos e autorais, seja de veteranos como Manoel de Oliveira ou de novos talentos como Miguel Gomes. Dirigido por Vicente Alves do Ó, "Florbela" pertence a outra linhagem. Filme português mais visto em 2012, ele carrega as marcas da tradição: tema nobre (a vida da poeta Florbela Espanca), produção vistosa, direção acadêmica, tratamento melodramático. A verdade é que a vida de Florbela (1894-1930) leva naturalmente ao melodrama: um pai que não a reconheceu em vida, um amor exacerbado pelo irmão, três casamentos, dois abortos e três tentativas de suicídio - a última delas bem-sucedida. Em seu segundo longa, Alves do Ó teve a sabedoria de não querer dar conta de todos esses elementos em um filme. Preferiu concentrar-se em um período específico da vida de Florbela (Dalila Carmo), em que ela se casa pela terceira vez e leva uma vida pacata em uma região rural. Mas essa normalidade acaba por bloquear a escrita de Florbela, e ela decide passar um tempo com o irmão em Lisboa, onde conhece amantes, descobre movimentos populares e revive sua quase incestuosa paixão fraternal. A inteligência do diretor para fazer um recorte temporal não se estendeu ao tratamento do filme. Considerando os aspectos folhetinescos da vida de Florbela, ele poderia ter adotado um tom menor para não reiterar o melodrama. Pelo contrário, acabou por acentuá-lo com a trilha grandiloquente. O resultado lembra antes a exagerada prosa romântica de um Camilo Castelo Branco do que a também intensa, mas enigmática, poesia de Florbela." (Ricardo Calil)
"Florbela" é filme enxuto, que arrebata pela personagem biografada. Florbela Espanca amou, sofreu, escandalizou e escreveu alguns do melhores versos da língua portuguesa. Quem assiste ao filme e não tem poemas dela em casa certamente vai correr para descobrir seus livros. Vicente Alves do Ó, diretor e roteirista, mostra amores e láureas, mas acerta ao dedicar uma parte generosa do filme aos tempos tortuosos da poeta após a morte de seu irmão. Entre a depressão e o lado genial da personagem, Dalila Carmo é uma dessas atrizes que marcam a memória do cinéfilo. Intensa, enigmática, sua composição de Florbela já é suficiente para recomendar o filme." (Thales de Menezes) - DirectorApichatpong WeerasethakulStarsJenjira PongpasSakda KaewbuadeeChai BhatanaShifting between fact and fiction in a hotel situated along the Mekong River, a film-maker rehearses a movie expressing the bonds between a vampiric mother and daughter."O fascínio que exerce o cinema de Apichatpong Weerasethakul tem a ver com a indefinição, com a suspensão como ele filma o mundo em sua banalidade e, sem que este perceba, move o espectador para outra realidade. Em "Hotel Mekong" , primeiro longa do tailandês após o triunfo de "Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas" no Festival de Cannes de 2010, a câmera é posta, como sempre, face à natureza e a contempla como um observador extasiado. À beira do Mekong, rio que serve de fronteira entre a Tailândia e o Laos, as imagens de "Hotel Mekong" captam essa indefinível zona fronteiriça entre a realidade e tudo que a transborda, magia, imaginação ou superstição. À maneira de um "making of" , vê-se o próprio diretor observar um músico tocar violão. Na varanda do hotel, hóspedes observam as águas e conversam. Depois, um deles troca de roupa enquanto se ouve a voz do diretor, fora de cena, opinar sobre o figurino. Uma senhora conta histórias do passado, do confronto armado, dos campos de refugiados do Laos. Outros fantasmas ressurgem em conversas sobre uma criatura sobrenatural. Subitamente, vemos imagens de terror, algo entre a possessão e o vampirismo, filmadas com a mesma naturalidade como outra mostrava alguém escutar um violão. Assim, sem nenhum recurso complicado, Weerasethakul provoca um reencantamento do mundo, uma transformação da realidade pelo onirismo. Algo como o que ocorre quando no meio do dia fechamos os olhos e somos tomados pela imaginação. Quando o filme retorna ao cotidiano e registra o revolteio das motos aquáticas no Mekong, o fragmento sem grande interesse pulsa como se contivesse a presença de todos os deuses deste mundo e dos outros. Ali o cinema se revela como arte das assombrações." (* Inácio Araujo *)
- DirectorDaniele LuchettiStarsKim Rossi StuartMicaela RamazzottiMartina GedeckA narcissistic artist finds his self-satisfied world turned upside down in the wake of a disastrous exhibition and his previously devoted wife's extra-marital inclinations.''Tradicionalmente, cineastas italianos são bons para filmar relacionamentos em crise. Em "Anos Felizes", de Daniele Luchetti, um casamento começa a ruir quando a junção entre vida pessoal e profissional se dá em momento inoportuno, precipitando cobranças e desentendimentos. Quem narra a história é o filho mais velho do casal, Dario. Vemos, por seus olhos de adulto, a lembrança de 1974, quando um ambiente idílico desmoronava. Em pauta uma série de discussões pertinentes: o que está em jogo na arte? Pode o amor interromper o curso da criação artística sem traumas? A que ponto deve-se evitar que um interfira no outro? Além disso, discute-se o amor livre, a dificuldade de uma relação monogâmica, a aceitação de um romance homossexual feminino dentro de um sistema patriarcal. Neste longo momento de crise do cinema italiano, quando há poucos diretores que conseguem algo realmente significativo (Nanni Moretti, Marco Bellocchio, e quem mais?) é salutar voltar ao modelo de histórias contadas sob o ponto de vista de crianças - algo comum no cinema -, da maneira certa. Luchetti tem uma boa mão para direção de atores, e vez ou outra alcança achados visuais de força e poesia. Além disso, temos aqui um notável par de atores: Kim Rossi Stuart e Micaela Ramazzotti.'' (Sergio Alpendre)
- DirectorNicole GarciaStarsPierre RochefortLouise BourgoinDominique SandaBaptiste is a solitary type. A teacher in southern France, he never stays more than three weeks in the same job. One Friday, he finds himself in charge of Mathias, one of his pupils, who hasn't been picked up after school. Mathias takes the boy to his mother, Sandra. She's a beautiful woman who has led a bit of a wild life and who now works on a beach near Montpellier. Within a day, the trio have formed a bond, like the beginnings of a family for these three people who don't have one. But the magic doesn't last. Sandra owes money and if she doesn't pay up something dire could happen. She must hit the road, flee once again. To help Sandra, Baptiste must take a look back at the origins of his own life, at the most painful and secret parts of himself."Há filmes ligeiros, agradáveis e que se esquecem na primeira esquina. E há também os estranhos, imperfeitos, que ganham peso com o passar das horas. "Um Belo Domingo" enquadra-se na segunda categoria. Em seu sétimo longa como diretora, a francesa Nicole Garcia revisita o cinema dos afetos, especialidade que a produção contemporânea de seu país herdou de uma abundante tradição. Nesse cinema, os motivos, a coesão ou a trama têm pouco peso. A graça provém da inconstância que move os personagens, da flutuação emocional que acompanha seus encontros e desencontros. Mais que uma história, "Um Belo Domingo" contém várias. Temos a de um jovem professor que prefere não ter vínculos, a de uma criança fragilizada por uma situação familiar fraturada e a da jovem mãe colocada em risco por dificuldades financeiras. Tais microfissuras culminam numa reviravolta, quando o passado ressurge na forma de um peso familiar em que laços afetuosos se confundem com ressentimentos. Como fiapo condutor, seguimos Baptiste (Pierre Rochefort), um jovem de conduta obscura que a certa hora confronta-se com o passado, sem, no entanto, deixar-se aprisionar por ele. Fiel a suas origens como atriz, Nicole Garcia pratica um cinema de ator, cuja assinatura concentra-se nos intérpretes, no modo como eles dão corpo e alma aos personagens. Pierre Rochefort, filho da diretora, desempenha seu primeiro papel importante com uma fragilidade que só valoriza o personagem. Ao seu lado, Louise Bourgoin liberta-se da imagem de gostosa com uma performance sóbria, derivada da vertente realista do cinema francês. O maior trunfo de "Um Belo Domingo", contudo, é a reaparição de Dominique Sanda no papel de uma matriarca. Ícone de Bertolucci e Visconti (1906-1976), a hoje sessentona Sanda incorpora as marcas da idade a sua beleza ideal e entrega ao espectador os momentos mais doces e amargos de "Um Belo Domingo". (Cassio Starling Carlos)
- DirectorAnthony MannStarsDennis O'KeefeClaire TrevorMarsha HuntJoe Sullivan (Dennis O'Keefe) has taken the rap for Rick (Raymond Burr), who double-crosses him with a flawed escape plan and other means intended to get rid of him.''Crimes, armas, mulheres fatais e heróis sem nenhum caráter. Juntem-se a isso as obscuridades predominantes nas tramas e na fotografia e te-se o que se convencionou chamar de filmenoir. O termo foi cunhado pela crítica francesa quando se deparou, no fim da Segunda Guerra, com um punhado de títulos que vinham sendo produzidos pelos americanos, mas não tinham chegado a Europa sob o domínio do nazifascimos. Mais que recorrência de temas e tratamentos, a distinção alcançada pelo noir deve-se ao fato de aqueles filmes projetaram uma imagem brutal e realista da sociedade americana, funcionarem como questionamento do otimista sonho americano até então predominante nas produções de Hollywood. A reunião de seis obras realizadas no período áureo desse subgênero do policial pérolas ainda pouco conhecidas e permite medir a influência de sua estética e de sua temática. Produzidos entre 1947 e 1955, eles pertencem ao período chamado clássicos do noir, quevai do ínicio dos anos 1940 até cerca de 1959 e foi seguido por distintas ondas de neo-noir que, desde adécada de 60, ressurgiram na forma de homenagens e pastiches. Na ordem cronológicas, "Fuga do Passado" abbre o pacote. Com a assinatura de Jacques Tourneur, é considerado um dos títulos essenciais do gênero, por causa da ênfase maior em atmosfera do que na ação e no conflito entre um homem bom, uma mulher irresistível e um chefão impiedoso. O uso de um longo flashback é outra estratégia narrativa peculiar. Aqui, a fatalidade distorce as escolhas e o teor pessimista se sobrepõe, anunciando os protagonistas sombrios do cinema americano dos anos 70 e dasséries de TV comtemporâneas. A complexidade moral é outro diferencial do noir, com personagens de múltiplas camadas servindo de filtro entre o espectador e a história. O caráter de Pat, narrador de Entre Dois Fogos, mistura o positivo e o negativo, a personagem pode aparecer frágil ou antipática. Em oposição a ela, a boazinha Ann também pode assumir diversas faces. O contrastado preto e branco da fotografia de John Alton dá ao diretor Anthony mann a oportunidade de demonstra como, em meio as sombras, torna-se difícil distinguir o bem e o mal. Esse tipo de cisão de moral e oportunidade de examinar a oscilação de caráter são temas que garantem a riqueza do noir, como pode se conferir em Passos da Noite e O Cúmplice das Sombras. Dirigidos respectivamente por Otto Preminger e Joseph Losey, esses títulos revelam o noir como nicho de liberdade estilística e de crítica social. Em ambos, o personagem central é um policial cujos métodos todos os colocam muito mais do lado do crime do que da lei. Mesmo que sofram punições, isso pouco disfarça a vocação desses diretores para revelar ascontradições entre ideias e pragmatismo. Sanuel Fuller e Robert Aldrich assinam as duas obras-primas do noir que completam o pacote. Anjo do Mal, dirigido pelo primeiro em 1953, A Morte num Beijo, realizado pelo segundo em 1955, que também expande os limites aceitáveis da representação da violência. Neles, a Guerra Fria, a paranoia anticomunista e a ameaça nuclear substituem como forças abstratas a noção mais concreta do crime e transformam o noir num campo de experimentações narrativas, onde a desobediência do código organizado do cinema clássico e a representação de uma ordem que mais parece um caos confirman o papel do filme noir no advento do cinema moderno.'' (Cassio Starling Carlos)
- DirectorOtto PremingerStarsDana AndrewsGene TierneyGary MerrillDet. Sgt. Mark Dixon wants to be something his old man wasn't: a guy on the right side of the law. Will Dixon's vicious nature get the better of him?''Crimes, armas, mulheres fatais e heróis sem nenhum caráter. Juntem-se a isso as obscuridades predominantes nas tramas e na fotografia e te-se o que se convencionou chamar de filmenoir. O termo foi cunhado pela crítica francesa quando se deparou, no fim da Segunda Guerra, com um punhado de títulos que vinham sendo produzidos pelos americanos, mas não tinham chegado a Europa sob o domínio do nazifascimos. Mais que recorrência de temas e tratamentos, a distinção alcançada pelo noir deve-se ao fato de aqueles filmes projetaram uma imagem brutal e realista da sociedade americana, funcionarem como questionamento do otimista sonho americano até então predominante nas produções de Hollywood. A reunião de seis obras realizadas no período áureo desse subgênero do policial pérolas ainda pouco conhecidas e permite medir a influência de sua estética e de sua temática. Produzidos entre 1947 e 1955, eles pertencem ao período chamado clássicos do noir, quevai do ínicio dos anos 1940 até cerca de 1959 e foi seguido por distintas ondas de neo-noir que, desde adécada de 60, ressurgiram na forma de homenagens e pastiches. Na ordem cronológicas, "Fuga do Passado" abbre o pacote. Com a assinatura de Jacques Tourneur, é considerado um dos títulos essenciais do gênero, por causa da ênfase maior em atmosfera do que na ação e no conflito entre um homem bom, uma mulher irresistível e um chefão impiedoso. O uso de um longo flashback é outra estratégia narrativa peculiar. Aqui, a fatalidade distorce as escolhas e o teor pessimista se sobrepõe, anunciando os protagonistas sombrios do cinema americano dos anos 70 e dasséries de TV comtemporâneas. A complexidade moral é outro diferencial do noir, com personagens de múltiplas camadas servindo de filtro entre o espectador e a história. O caráter de Pat, narrador de Entre Dois Fogos, mistura o positivo e o negativo, a personagem pode aparecer frágil ou antipática. Em oposição a ela, a boazinha Ann também pode assumir diversas faces. O contrastado preto e branco da fotografia de John Alton dá ao diretor Anthony mann a oportunidade de demonstra como, em meio as sombras, torna-se difícil distinguir o bem e o mal. Esse tipo de cisão de moral e oportunidade de examinar a oscilação de caráter são temas que garantem a riqueza do noir, como pode se conferir em Passos da Noite e O Cúmplice das Sombras. Dirigidos respectivamente por Otto Preminger e Joseph Losey, esses títulos revelam o noir como nicho de liberdade estilística e de crítica social. Em ambos, o personagem central é um policial cujos métodos todos os colocam muito mais do lado do crime do que da lei. Mesmo que sofram punições, isso pouco disfarça a vocação desses diretores para revelar ascontradições entre ideias e pragmatismo. Sanuel Fuller e Robert Aldrich assinam as duas obras-primas do noir que completam o pacote. Anjo do Mal, dirigido pelo primeiro em 1953, A Morte num Beijo, realizado pelo segundo em 1955, que também expande os limites aceitáveis da representação da violência. Neles, a Guerra Fria, a paranoia anticomunista e a ameaça nuclear substituem como forças abstratas a noção mais concreta do crime e transformam o noir num campo de experimentações narrativas, onde a desobediência do código organizado do cinema clássico e a representação de uma ordem que mais parece um caos confirman o papel do filme noir no advento do cinema moderno.'' (Cassio Starling Carlos)
- DirectorJoseph LoseyStarsVan HeflinEvelyn KeyesJohn MaxwellAfter Susan Gilvray reports a prowler outside her house, police officer Webb Garwood investigates and sparks fly. If only her husband wasn't in the way.''Crimes, armas, mulheres fatais e heróis sem nenhum caráter. Juntem-se a isso as obscuridades predominantes nas tramas e na fotografia e te-se o que se convencionou chamar de filmenoir. O termo foi cunhado pela crítica francesa quando se deparou, no fim da Segunda Guerra, com um punhado de títulos que vinham sendo produzidos pelos americanos, mas não tinham chegado a Europa sob o domínio do nazifascimos. Mais que recorrência de temas e tratamentos, a distinção alcançada pelo noir deve-se ao fato de aqueles filmes projetaram uma imagem brutal e realista da sociedade americana, funcionarem como questionamento do otimista sonho americano até então predominante nas produções de Hollywood. A reunião de seis obras realizadas no período áureo desse subgênero do policial pérolas ainda pouco conhecidas e permite medir a influência de sua estética e de sua temática. Produzidos entre 1947 e 1955, eles pertencem ao período chamado clássicos do noir, quevai do ínicio dos anos 1940 até cerca de 1959 e foi seguido por distintas ondas de neo-noir que, desde adécada de 60, ressurgiram na forma de homenagens e pastiches. Na ordem cronológicas, "Fuga do Passado" abbre o pacote. Com a assinatura de Jacques Tourneur, é considerado um dos títulos essenciais do gênero, por causa da ênfase maior em atmosfera do que na ação e no conflito entre um homem bom, uma mulher irresistível e um chefão impiedoso. O uso de um longo flashback é outra estratégia narrativa peculiar. Aqui, a fatalidade distorce as escolhas e o teor pessimista se sobrepõe, anunciando os protagonistas sombrios do cinema americano dos anos 70 e dasséries de TV comtemporâneas. A complexidade moral é outro diferencial do noir, com personagens de múltiplas camadas servindo de filtro entre o espectador e a história. O caráter de Pat, narrador de Entre Dois Fogos, mistura o positivo e o negativo, a personagem pode aparecer frágil ou antipática. Em oposição a ela, a boazinha Ann também pode assumir diversas faces. O contrastado preto e branco da fotografia de John Alton dá ao diretor Anthony mann a oportunidade de demonstra como, em meio as sombras, torna-se difícil distinguir o bem e o mal. Esse tipo de cisão de moral e oportunidade de examinar a oscilação de caráter são temas que garantem a riqueza do noir, como pode se conferir em Passos da Noite e O Cúmplice das Sombras. Dirigidos respectivamente por Otto Preminger e Joseph Losey, esses títulos revelam o noir como nicho de liberdade estilística e de crítica social. Em ambos, o personagem central é um policial cujos métodos todos os colocam muito mais do lado do crime do que da lei. Mesmo que sofram punições, isso pouco disfarça a vocação desses diretores para revelar ascontradições entre ideias e pragmatismo. Sanuel Fuller e Robert Aldrich assinam as duas obras-primas do noir que completam o pacote. Anjo do Mal, dirigido pelo primeiro em 1953, A Morte num Beijo, realizado pelo segundo em 1955, que também expande os limites aceitáveis da representação da violência. Neles, a Guerra Fria, a paranoia anticomunista e a ameaça nuclear substituem como forças abstratas a noção mais concreta do crime e transformam o noir num campo de experimentações narrativas, onde a desobediência do código organizado do cinema clássico e a representação de uma ordem que mais parece um caos confirman o papel do filme noir no advento do cinema moderno.'' (Cassio Starling Carlos)
- DirectorRobert MulliganStarsRock HudsonGina LollobrigidaSandra DeeYounger generation vs. "older" folks on vacation at an Italian villa.''De vez em quando esquecemos que certos diretores existem. Sem que eles mereçam. Robert Mulligan é um desses casos: esse realizador sensível de filmes como O Sol É Para Todos, À Procura do Destino, Houve uma Vez um Verão, parece que nem existiu. "Quando Setembro Vier" serve para nos lembrar dele, por vários motivos. Primeiro, porque tinha tudo para ser insuportável, com seu americano rico (Rock Hudson) na Itália às voltas com sua italiana (Gina Lollobrigida). E, para completar, a nova geração dos anos 1960, a dos atores Bobby Darin e Sandra Dee: a idade da inocência que quer perder a inocência - mais ou menos isso. E, no entanto, contra todas as previsões, Robert Mulligan fez um filme agradável, simpático e talvez visível ainda hoje." (* Inácio Araujo *)
- DirectorPaulo RochaStarsGeraldo Del ReyIsabel RuthMaria BarrosoAfter a stint in the army fighting in Angola, a soldier comes home to find his sweetheart has married his brother. He makes advances towards his sister-in-law, but she turns him down. Discouraged, the man meets a new girlfriend who vows to escape the town's crushing poverty even if she has to steal. The two begin a relationship but the film does not indicate what their future may hold.''Por alguma razão difícil de explicar, ignoramos solenemente o cinema português. Ele existia, no entanto, antes de Manoel de Oliveira e João César Monteiro. Ele teve até sua nouvelle vague (tímida, como sempre em Portugal), de que Paulo Rocha foi um dos expoentes, talvez o maior. É a esse cineasta de traço elegante que devemos "Mudar de Vida", sobre Adelino (Geraldo Del Rey), que, ao ser desmobilizado das campanhas africanas, volta a seu país e encontra a mulher vivendo com o seu irmão. O roteiro tem a mão de António Reis, que anos depois dirigiria o antológico Trás-os-Montes. Por ora, "Mudar de Vida" é raridade a não perder.'' (* Inácio Araujo *)
- DirectorsRay AshleyMorris EngelRuth OrkinStarsRichard BrewsterWinifred CushingJay WilliamsA young boy fears that he shot his older brother, who is only faking. He then runs away to Coney Island, a crowded beach area, and gets money by returning soda bottles for their deposits.''Que aparência deve ter um filme feito há mais de 60 anos? De velho, responderia o espectador refém da bolha de lançamentos. Em preto e branco e com uma imagem em baixa definição, "O Pequeno Fugitivo", produção independente feita nos Estados Unidos em 1953, pode dar a impressão de um objeto arcaico e de interesse particular aos ratos de cinemateca. As aventuras de um menino de sete anos sem amarras num espaço longe do alcance de seus familiares exibem, contudo, um frescor e uma liberdade apagados do cinema calculado e ultracontrolado que vemos hoje. Os realizadores Morris Engel e Ray Ashley tinham experiência como fotojornalistas e daí trouxeram para o projeto a intenção de captar situações não encenadas. Ruth Orkin, mulher de Morris Engel, havia trabalhado como montadora e também era fotógrafa. Em busca de um resultado mais autêntico, o trio encomendou a um técnico amigo uma câmera portátil que, com uma lente teleobjetiva, permitiu registrar à distância as ações e reações de Joey. Depois de ser enganado pelo irmão mais velho que toma conta dele, o pequeno fugitivo vaga sozinho e segue onde a curiosidade o leva. Gasta seus trocados andando num carrossel, posa para um retrato e chega à praia, onde se diverte observando os adultos. Sem estabelecer laços, Joey aprende a identificar obstáculos e a superá-los, seja o simples desafio de derrubar um alvo numa banca ou recolher garrafas para conseguir dinheiro e depois montar pôneis. O crítico francês André Bazin, num entusiasmado texto de 1954, observou que o filme é feito do espetáculo da criança em liberdade num paraíso de feira. De fato, no modo como o filme acompanha a soltura de Joey interessa mais o comportamento infantil num universo sem imposições. Como uma criança descobre o mundo livre da imposição dos adultos, em que a lei e a proibição parecem suspensos? Como a fantasia orienta as relações que um garoto elabora com os adultos que surgem em seu rumo? É essa dimensão libertária, que desaparece no universo adulto ou se torna crime para os que acreditam poder reencontrá-la, que emana de cada gesto de Joey, que o transforma numa versão moderna de Adão antes de qualquer pecado.' (Cassio Starling Carlos)
26*1654 Oscar / 1953 Lion Veneza - DirectorBrian De PalmaStarsJonathan WardenRobert De NiroGerrit GrahamThree friends in New York City discuss how to dodge the draft and Vietnam, JFK's assassination, voyeurism, computer dating, and everything else.""Quem Anda Cantando Nossas Mulheres", que foi lançado em DVD no Brasil com o título original, "Greetings", é o primeiro longa de Brian De Palma, e também um filme que espantará quem conhece seu trabalho a partir de, pelo menos, Irmãs Diabólicas. Aqui, de diabólico realmente o que temos é a atitude de um jovem e irreverente cineasta que não se dá ao trabalho de buscar produção (na verdade, Robert De Niro saía bem em conta naquele ano de 1968) e menos ainda de contar uma história na tradição. Estávamos em um momento em que jovens cineastas desafiavam usos e costumes: da linearidade narrativa aos valores americanos. E há disso tudo um pouco neste filme. Era um momento de experimentar o cinema e o mundo: vale para quem tiver curiosidade.'' (* Inácio Araujo *)
1969 Urso de Ouro - DirectorJuan Pablo BuscariniStarsDavid MazouzEdward AsnerJoseph FiennesYoung Ivan Drago's newfound love of board games catapults him into the fantastical and competitive world of game invention, and pits him against the inventor Morodian, who has long desired to destroy the city of Zyl, founded by Ivan's grandfather. To save his family and defeat Morodian, Ivan must come to know what it is to be a true Games Maker.''O mais interessante do longa "O Inventor de Jogos", do argentino Juan Pablo Buscarini, é a ideia de que as artimanhas necessárias para se dar bem num jogo de tabuleiro são semelhantes às do jogo da vida. Aprendemos desde cedo a nos adaptar às situações desagradáveis e a contornar possíveis obstáculos, e esse aprendizado é retratado como uma fábula juvenil destinado à toda a família. Na história, o garoto Ivan Drago (David Mazouz) descobre logo cedo que é fissurado em jogos de tabuleiro, apesar da vontade do pai (interpretado por Tom Cavanagh) de que ele seja atleta. Lendo um gibi, ele descobre um concurso que envolve justamente a criação desses jogos. Para a surpresa da mãe (Valentina Lodovini), ele vence em primeiro lugar, o que vai colocar toda sua família em perigo. Adiantar mais do que acontece seria estragar um pouco a experiência do espectador. Nesse tipo de filme, baseado em clichês de uma certa cartilha do cinema classificação livre, é necessário termos alguma surpresa. Vale adiantar que alguns arquétipos da fábula estão presentes: a escola opressora com o aluno valentão, o diretor tirano e o professor esquisito; a adorável menina que vive entre as paredes da escola; o vilão caricatural (Joseph Fiennes), os ajudantes meio monstruosos e o vovozinho simpático. Estão presentes também algumas soluções rocambolescas que podem causar enfado, tanto nas crianças quanto nos adultos. E o 3D que, mais uma vez, não faz sentido algum. O produtor e diretor argentino Buscarini havia realizado três longas de animação antes de "O Inventor de Jogos" - nenhum deles lançado no Brasil. Talvez seu maior mérito, aqui, seja também sua maior limitação: a subordinação da história à lógica de um desenho animado." (Sergio Alpendre)
- DirectorDiane KurysStarsBenoît MagimelMélanie ThierryNicolas DuvauchelleThe story of the marriage between Michel and Lena, as told by their daughter Anne, with reflections on the mystery of abiding love.''Francesa faz filme muito convencional ao reconstituir momento histórico por meio dos afetos. Reconstituir um momento histórico por meio dos afetos. Tal é a ambição - bem pouco original - de "Por uma Mulher", O longa retorna ao pós-Segunda Guerra na França para acompanhar o destino dos judeus sobreviventes do extermínio. Em busca de veracidade, a diretora Diane Kurys mescla elementos autobiográficos e evoca, nos créditos, imagens de seus trabalhos anteriores. O recurso agrega valor pessoal, mas também eleva em excesso o umbigo a único ponto de vista. No centro da trama, vemos um casal de refugiados russos engajado em paixões políticas e amorosas. Michel é fiel ao idealismo comunista, e Léna ama o marido, mas se perturba com a chegada súbita do cunhado. Enquanto a dimensão política é narrada no passado, os dilemas sentimentais são evocados no presente. Essas questões são vistas da perspectiva da cineasta Anne, segunda filha do casal, que põe em dúvida sua paternidade. Apesar deste ângulo, o filme não se resume à descoberta da verdadeira origem, um recurso comum que dá vigor às reviravoltas nos melodramas. Em "Por uma Mulher", a atenção também se detém no tema da fidelidade. Pouco desse material dramático, contudo, se sobressai no cinema arquiconvencional feito por Kurys. Nele, assim como nos filmes de seu compatriota Claude Lelouch, a memória histórica limita-se a emoldurar paixões e, assim, reiterar que não há razões fora as sentimentais. O efeito disso é fazer desaparecer a dimensão negativa e trágica das existências individuais e coletivas para dar lugar a um retrato que pretende ser um romance à moda antiga, mas que, no fundo, só consegue ser antiquado." (Cassio Starling Carlos)
- DirectorRoger DonaldsonStarsPierce BrosnanLuke BraceyOlga KurylenkoAn ex-C.I.A. operative is brought back in on a very personal mission and finds himself pitted against his former pupil in a deadly game involving high-level C.I.A. officials and the Russian President-elect.M/38
''Uma das regras da espionagem mundial, pelo menos no cinema, diz que seus atores não devem criar vínculos afetivos. Mulheres têm de ser descartáveis, mero divertimento, e a família é algo a ser esquecido. Estabelecer relações afetivas duradouras é um jogo perigoso, pois, invariavelmente, elas acabarão sendo usadas pelo inimigo. Nesse contexto, o principal mérito de "November Man - Um Espião Nunca Morre" está na tentativa de humanizar seus personagens. Devereaux, o espião veterano interpretado por Pierce Brosnan, é um sujeito contraditório que prega total alienação ao pupilo ao mesmo tempo em que mantém uma família secreta. Desse conflito surge a melhor cena do filme, ainda que não seja suficiente para segurar a história. O roteiro parece o de um 007 esquecido da década de 1990. Está quase tudo lá: a cena de ação antes dos créditos iniciais, o título cafona, os vilões carismáticos, as perseguições, os russos... A lista é enorme e só não inclui o sangue escorrendo após o tiro na tela. Escalar Brosnan, que interpretou James Bond em quatro filmes, como o personagem principal e Olga Kurylenko, a bondgirl de Quantum of Solace, como a mocinha, não ajudou. Assim, o esforço em criar um espião humanizado acaba enterrado sob uma série de clichês. O espião contraditório, que luta ao mesmo tempo contra os russos e suas próprias convicções, acaba reduzido a um James Bond aposentado." (Douglas Lambert) - DirectorJean-Pierre JeunetStarsHelena Bonham CarterJudy DavisCallum Keith RennieA 10-year-old scientist secretly leaves his family's ranch in Montana where he lives with his cowboy father and scientist mother, and travels across the country aboard a freight train to receive an award at the Smithsonian Institution.M/48
''Diretor de Delicatessen e O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, o francês Jean-Pierre Jeunet criou uma obra marcada por personagens excêntricos, ângulos de câmera inusitados, cenários rebuscados e uma queda pelo surrealismo. No livro O Mundo Explicado por T.S. Spivet, do americano Reif Larsen, o cineasta encontrou um material que se encaixa com seu estilo e realizou, na zona de conforto, seu segundo filme falado em inglês - 17 anos depois do questionado Alien - A Ressurreição. "A Viagem Extraordinária" é a história de T.S. Spivet (Kyle Catlett), menino-prodígio do interior dos Estados Unidos apaixonado por ciências e marcado pela morte trágica do irmão gêmeo. Ele é um desajustado em uma família de desajustados. A mãe (Helena Bonham Carter) só se preocupa com insetos, o pai (Callum Keith Rennie) é um caubói solitário e a irmã sonha ser Miss América. Ao projetar uma máquina de movimento perpétuo, ele ganha um prêmio do Instituto Smithsonian e decide viajar a Washington para recebê-lo, sem avisar a família e sem contar aos organizadores que tem só dez anos. A viagem pelas paisagens americanas permite a Jeunet demonstrar seu preciosismo visual, desta vez com um belo uso da profundidade do 3D. Mas não evita que as velhas limitações de sua obra voltem à tona. Como em Amélie Poulain, há uma pátina de sentimentalismo que recobre todo o material e impede que se alcancem os sentimentos verdadeiros que estão por baixo. Ou, em outras palavras, "A Viagem Extraordinária" é sabotado pelo excesso de fofura." (Ricardo Calil)
2014 César - DirectorGabriel Rojas VeraStarsMaría Angélica SánchezEdgar AlexenEmerson RodríguezKaren discovers, after 10 years of marriage, she has left behind her dreams devoting herself to home chores and realizes it has been a mistake that cost her her youth. She decides then to separate and go in search of a life of its own. With her savings she rents a room in the center of Bogota and tries to get a job, but her age and inexperience makes it difficult. Karen will have to decide between returning to the stability of a relationship or facing life for herself."Karen Chora no Ônibus" é mais uma prova de que o drama naturalista está dominado na América Latina. Realizado em 2011 e só agora lançado no Brasil, o longa de estreia do diretor colombiano Gabriel Rojas Vera reafirma características de uma certa safra latina recente. A saber, a aposta em um realismo intimista, que evita a alegoria sociopolítica; o cuidado com a construção do protagonista; personagens influenciados por seu meio, mas não determinados por ele; e os silêncios tão valorizados quanto os diálogos. Quase sempre diante da câmera está Karen (Ángela Carrizosa). Na primeira cena, justifica o título: é flagrada chorando em um ônibus de Bogotá. Como o diretor dribla também o psicologismo, não sabemos o porquê. Mas, aos poucos, o filme nos apresenta o momento de Karen: depois de se separar de um marido burguês, ela se abriga em uma espelunca, começa a aplicar pequenos golpes para sobreviver e se torna amiga de uma cabeleireira que possui aquilo que parece lhe faltar: vitalidade. Em um filme tão centrado em um personagem, o desempenho da atriz se torna fundamental. E Carrizosa se mostra à altura, com rosto ao mesmo tempo expressivo e indecifrável. Mas, se por um lado o longa mostra as virtudes do naturalismo, por outro esbarra em suas limitações. Falta algo que o faça transcender a imitação da vida, seja o risco, o humor, a fantasia. É uma barreira que outros filmes latinos recentes - como o chileno Gloria ou o venezuelano Pelo Malo - souberam ultrapassar. Mas que se torna a linha de chegada de "Karen Chora no Ônibus"." (Ricardo calil)
- DirectorPhilippe de BrocaStarsAlan BatesGeneviève BujoldPierre BrasseurDuring World War I, a British private, sent ahead to a French town to scout for enemy presence, is mistaken for a King by the colorful patients of an insane asylum.''O francês Philippe de Broca sempre foi bom de comédia, mas esta é sua obra-prima, de 1966. O ótimo Alan Bates interpreta um soldado escocês na Primeira Guerra que chega a uma cidadezinha francesa muito estranha. A razão: todos fugiram de lá, exceto os internos de um grande manicômio, que fingem ser homens livres. Em época de protestos contra a presença americana no Vietnã, a comédia passou a ser um libelo pacifista." (Thales de Menezes)
- DirectorSteph GreenStarsMaxine PeakeEdward MacLiamWill ForteAn American doctor travels to Ireland to study the Casey family after 38-year-old Conor suffers a stroke which changes his personality, leaving dynamo wife and mother Vanetia to run the show.M/71
''A primeira imagem já nos leva, em linha reta, ao que se pode chamar de realismo britânico: vemos o rosto de uma mulher diante do espelho. A imagem não diz nada sobre ela ou sobre o que virá. Não diz nada, em suma. Para que não fiquemos no vazio, o filme logo arranja um foco dramático: esta mulher vai ao hospital buscar o marido, que sofreu um terrível derrame cerebral, cheio de consequências desagradáveis. A recuperação de um doente nessas circunstâncias não constitui um núcleo dramático animador. Providencia-se então a vinda de um neurocientista americano e bonitão, Ted (Will Forte) que registrará em vídeo as reações do paciente para um futuro artigo. Em si, isso não acrescenta dramaticidade ao filme. Mas sua proximidade com Vanetia (Maxine Peake) vale para que insinuações e tudo mais referente à longa estada de Ted por ali passem pela cabeça dos amigos, dos pais do paciente, e, espera-se, dos espectadores. Até porque, com o pai fora de combate, o cientista acaba assumindo a função paterna, em especial junto ao filho adolescente. Isso é a trama. Ou seja, neste filme de silêncios persistentes podemos sempre imaginar o que se passa na cabeça das pessoas em relação a afetos e sexo. Isso é meio que atrapalhado pelo quadro sempre exageradamente próximo dos personagens, fechado, sem paisagem (e sem grande significado a não ser um atravancamento constante da imagem). De todo modo, o que se passa na cabeça de Ted e Vanetia não é tão especial assim. Talvez o mais significativo se mostre no momento em que Vanetia se dispõe a quebrar a câmera com que Ted registra todos os movimentos do marido. Ao menos ali, ela parece perceber o quanto de voyeurismo existe em tudo isso." (* Inácio Araujo *) - DirectorRon SheltonStarsKevin CostnerSusan SarandonTim RobbinsA fan who has an affair with one minor-league baseball player each season meets an up-and-coming pitcher and the experienced catcher assigned to him.''Americano adora filme sobre beisebol, mas para quem não entende as regras fica difícil de gostar. "Sorte no Amor", de 1988, é uma exceção, já que o esporte aparece apenas como metáfora para o tema principal: como conquistar as mulheres. Susan Sarandon e Tim Tobbins se casaram depois desse filme. Ele é um jovem jogador talentoso. Ela trabalha para o time como uma espécie de consultora para ensinar comportamento ao rapaz --e para sossegar sua fúria sexual. Enquanto isso, dentro do campo, ele recebe conselhos de um veterano. O problema é que o tutor esportivo do novato é Kevin Costner. No auge do sucesso, ele é sedutor o bastante para tirar a mulher do rapaz, num triângulo amoroso que pode prejudicar o time. Vale assistir, pelo humor adulto e pelas cenas quentes de Costner e Susan." (Thales de Menezes)
60*1989 Oscar / 46*1989 Globo - DirectorJohn BoormanStarsPierce BrosnanGeoffrey RushJamie Lee CurtisA tailor living in Panama reluctantly becomes a spy for a British Agent."Harry Pendel é um homem à altura do título "O Alfaiate do Panamá". Ele veste todos os homens de peso do país, de políticos a traficantes, de honestos a corruptos. Ele exerce seus talentos bem no momento em que anda por lá Andy Osnard, espião britânico decadente que tenta voltar a seus dias de maior brilho. Como estamos em um filme baseado em John le Carré e dirigido por John Boorman, sabemos que algo haverá de palpitante, não raro intrigante ou talentoso. Ok, mas há algo também que não se concretiza. Talvez lhe falte originalidade, talvez Pierce Brosnan não tenha mesmo nascido para espião (de longe, o personagem mais memorável é o do alfaiate, com seus muitos mistérios, papel de Geoffrey Rush), talvez esse não seja o gênero de Boorman: certo é que O Alfaiate... se deixa ver e esquecer com igual facilidade." (* Inácio Araujo *)
2001 Urso de Ouro - DirectorIra SachsStarsJohn LithgowAlfred MolinaMarisa TomeiAfter Ben and George get married, George is fired from his teaching post, forcing them to stay with friends separately while they sell their place and look for cheaper housing -- a situation that weighs heavily on all involved.''As primeiras cenas de "O Amor É Estranho" dão a entender que estamos diante de um filme gay. Dois homens acordam na mesma cama, arrumam-se e caminham até o local onde celebrarão seu casamento, após anos juntos. Em seguida, Ben e George comemoram com amigos, mas a escola católica onde George dá aulas considera inaceitável tanta exposição de sua união e o demite. A situação, contudo, não resume o quinto e mais perfeito longa de Ira Sachs como um manifesto contra a intolerância. Sem condições de pagar o apartamento onde vive, o casal é forçado a dormir separado nas casas de um sobrinho e de amigos. Assim, o filme acumula microconflitos que revelam como a evidência do amor provoca manifestações diversas de estranhamento. A convivência tão próxima em espaços alheios e a intimidade forçada com quem só era familiar logo introduz asperezas, confunde-se com invasão e tende a pôr em risco afetos que só existiam à distância. Sachs, como já mostrou em Vida de Casado e em Deixe a Luz Acesa, interessa-se mais pela dificuldade da convivência do que em vender uma versão romanceada dos relacionamentos. Mas não é só isso que distingue "O Amor É Estranho" dos clichês predominantes no cinema gay. A escolha de protagonistas longe do padrão jovem, belo e malhado permite ao filme abarcar temas como o envelhecimento, a ressignificação dos desejos e a aceitação do outro, presentes em toda vida em comum. Juntos e separados, John Lithgow (Ben) e Alfred Molina (George) se completam para transformar o filme numa experiência emocionante." (Cassio Starling Carlos)
- DirectorsGlenn FicarraJohn RequaStarsWill SmithMargot RobbieRodrigo SantoroIn the midst of veteran con man Nicky's latest scheme, a woman from his past - now an accomplished femme fatale - shows up and throws his plans for a loop.''O começo de "Golpe Duplo" é animador. Lembra os melhores momentos de Onze Homens e um Segredo e suas sequências, em sua abordagem da malandragem sofisticada, na química entre os atores, na edição e na trilha espertas. Mas, em vez da ideia do grande golpe trabalhada na franquia de Steven Soderbergh, o filme da dupla de escritores e diretores John Requa e Glenn Ficarra (Amor a Toda Prova) foca um grupo de trapaceiros que promove inúmeros pequenos golpes. Falsos maridos que aparecem quando a vítima vai transar com uma loira misteriosa, ataques cardíacos fingidos para tirar a atenção das pessoas, furtos variados de carteiras, relógios, anéis etc. Vale tudo para a gangue de Nicky (Will Smith) - que trabalha no varejo, mas sem perder a classe. No começo do filme, a novata Jess (Margot Robbie, de O Lobo de Wall Street) tenta aplicar um golpe nele, sem saber que se trata de um profissional. Desmascarada, ela pede para aprender os truques de Nicky, que a aceita em sua gangue. Eles planejam uma série de golpes no Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano - uma isca para otários. Esse entrecho do filme termina com uma sequência espetacular - em que Nicky e um chinês fazem uma série de apostas milionárias relacionadas aos lances do jogo, ao som de Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones. Nesse momento, "Golpe Duplo" parece aquele pequeno grande filme em que a despretensão da trama esconde uma construção cinematográfica refinada. A história poderia ter terminado aí. Mas há todo um segundo ato disperso e redundante, em que Nicky e Jess - que iniciam e terminam um romance várias vezes ao longo do filme - tentam aplicar um golpe no dono de uma equipe de Fórmula 1. A partir daí, "Golpe Duplo" se torna mais um filme genérico com incontáveis viradas "surpreendentes" na trama - daquelas que fazem os roteiristas se considerarem gênios e que deixam os espectadores progressivamente entediados." (Ricardo Calil)
- DirectorDamien ManivelStarsRémi TaffanelLéonore FernandesEnzo VassalloSeeking inspiration in the oppressively hot city of Sète, Remi a young man is determined to write his first poem. But where to begin?''Depois de dirigir curtas premiados, Damien Manivel estreia no longa com "Um Jovem Poeta", reflexão sobre sonhos da mocidade, que recebeu a Menção Especial no último Festival de Locarno (Suíça). A figura central é o pós-adolescente Rémi (Rémi Taffanel), que quer ser poeta - desejo que traz a ambição característica dessa fase da vida. Quer exaltar a existência e as sensações com palavras, segundo o velho clichê romântico. Em busca de inspiração, vagueia pela cidade de Sète, na costa mediterrânea francesa, onde passa as férias. Anda pelas ruas empunhando uma caderneta e uma caneta, contempla o mar, mergulha nele, sobe num penhasco, procura palavras numa biblioteca, explora a noite, embriaga-se. Rémi também visita o cemitério, onde passa longos momentos diante da tumba de Paul Valéry - não por acaso um poeta que refletiu sobre seu ofício. Não falta a jovem musa, Léonore (Léonore Fernandes), a quem se declara improvisando uma canção. Nessa longa errância, Rémi revela toda a sua falta de jeito, toda a inexperiência diante da realidade. Em alguns episódios, esse lado atrapalhado e afoito tem conotação melancólica; em outros, burlesca. Se o personagem é desengonçado, a organização da narrativa prima pelo rigor. Cada cena é formada por planos fixos, isolados do resto do filme por um plano azul-céu com um título. Os enquadramentos são estudados, destacando as belas paisagens. Mas o apurado arranjo formal peca pelo ritmo, que desanda quando as situações começam a se repetir. A busca de Rémi só ganha outro sentido nos cinco minutos finais, quando ele perde a soberba adolescente, faz um balanço da jornada e dialoga com Valéry. Manivel poderia ter narrado isso na metade do tempo." (Alexandre Agabiti Fernandez)