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135 titles
- DirectorRobert WiseStarsJulie AndrewsChristopher PlummerEleanor ParkerA young novice is sent by her convent in 1930s Austria to become a governess to the seven children of a widowed naval officer.1º/jan*
[Disney+]
10/10 - DirectorBlake EdwardsStarsJulie AndrewsJames GarnerRobert PrestonA struggling female soprano in 1934 Paris finally finds work after posing as a female impersonator, but it complicates her personal life when a visiting Chicago gangster finds himself inexplicably attracted to the seemingly male performer.1º/jan*
[HBO GO]
9/10 - DirectorSofia CoppolaStarsBill MurrayRashida JonesMarlon WayansA young mother reconnects with her larger-than-life playboy father on an adventure through New York.1º/jan
[Apple TV+]
5/10
Sofia Coppola está esgotada de correr, de uma a outra alpondra, sem molhar nem mesmo o calcanhar: suas histórias não se encharcam, não se densificam, não escorregam - seguem sempre de uma margem a outra leves e seguras de seus passos, sem qualquer emoção, sem qualquer perigo. E é uma pena. Sua direção é sempre segura, claro, mas suas histórias são tão blasés que não geram empatia, sentimentos, nada. Por mais que a diretora se esforce, são ocas. Não lhe falta um poderoso Bill Murray nem uma carismática Rushida Jones para que ela busque envolvimento: falta mesmo a vontade de se jogar na água gelada, a vontade de escapar da segurança das pedras. Seu cinema continua enfadonho e desgastante - o que pode ser até visto como um retrato pós-moderno das difíceis relações, mas também como, reflexo do Zeitgeist, um cinema de cansaço, aborrecido. Eu fico com a segunda (torcendo para que ela abandone a segurança do caminho). - DirectorThomas VinterbergStarsMads MikkelsenThomas Bo LarsenMagnus MillangFour high-school teachers consume alcohol on a daily basis to see how it affects their social and professional lives.1º/jan
[Torrent]
10/10
O psiquiatra norueguês Finn Skårderud estabeleceu a teoria (real) de que nascemos com 0,05% de álcool no corpo. Para ele, se mantemos esse nível de álcool constante, somos capazes de viver de modo mais criativo e relaxado. Com isso, quatro amigos professores resolvem pôr à prova a teoria do psiquiatra - e começam a lidar com o álcool até mesmo durante trabalho. O resultado é Druk (no original), filme novo do dinamarquês Thomas Vinterberg, disponível só em torrent por aqui. Embora parta de uma premissa quase tola, não sobre o álcool que tergiversa Vinterberg, mas sobre as tumultuada relações humanas. Há anos um dos diretores mais consistentes do ex-DOGMA 95, o dinamarquês envolve sua narrativa em camadas densas e significativas, de modo a fazer um estudo sobre nosso caráter, sobre nossas forças, sobre nossas perspectivas. É, acima de tudo, uma celebração potentíssima de nossa vida, de nosso existir - sem valorações moralistas de qualquer tipo. Another Round é a comemoração de nossa força holística disfarçada de narrativa - ora engraçada, ora dramática (como a vida). Mads Mikkelsen entrega uma das melhores atuações de sua carreira - o que é gigantesco se observamos a carreira monstruosa que o ator vem criando. À premissa quase caricata, Vinterberg soma uma história tão valiosa, tão emocionante, que só podemos lamentar não ter visto o filme no cinema. - DirectorIl ChoJo Il HyungStarsYoo Ah-inPark Shin-hyeJeon Bae-sooThe rapid spread of an unknown infection has left an entire city in ungovernable chaos, but one survivor remains alive in isolation. It is his story.02/jan
[Netflix]
7/10
#Alive
Já discuti algumas vezes com amigos que "não veem graça na ficção científica". Não consigo deixar de gritar que o sci-fi, o terror, são narrativas que exageram nossa realidade em milhares de hipérboles apenas como desculpa pra metaforizar a nossa realidade. Toda ficção (todo terror) é uma extrapolação do presente: os vampiros eram recordações do terror medieval (das pestes, da vassalagem); Godzilla era filho de terror atômico; Jigsaw é refluxo da espetacularização da violência.
Nesse sentido, não foi sem querer que os mortos-vivos ganharam destaque a partir de '68, quando George Romero lançou A Noite dos Mortos-Vivos: reflexo de uma sociedade fragmentada, o diretor enclausurava diferentes grupos numa mesma casa para que sobrevivessem à ameaça exterior, em que os mortos, sem lugar no inferno, voltavam à Terra. O verdadeiro perigo, entretanto, não estava extramuro: era dentro da própria casa que, como um corpo social, os sobreviventes deveriam agir para resolver os conflitos que os tirariam de lá.
Foi a partir daí que os mortos-vivos sobrevieram como avalanche: produtos diretos da sociedade de excessos, a (boa) ficção serviu de base para descer o cacete no capital e na desigualdade - de forma sutil, como em Invasão Zumbi, ou escancarada, como em Madrugada dos Mortos (em que os sobreviventes ficam presos num... shopping!).
Este #Alive, do sul-coreano Il Cho, tem o mérito de começar por aí: numa sociedade em que a comunicação é a chave e o isolamento, consequência de nossos vínculos virtuais, o jovem Oh Joon-woo sobrevive ao holocausto justamente por estar trancado em casa, imerso em seus jogos. Os mortos "reproduzem pequenos atos, como abrir portas, e repetem comportamentos que tinham em seus trabalhos" (olhaí a retificação, a mecanização), de acordo com o noticiário que segue transmitindo informações entre uma propaganda e outra (olhaí a prioridade do capital). Sobreviver nas áreas urbanas - as mais afetadas "devido ao pequeno espaço entre os apartamentos (olhaí a desigualdade) - é o papel do nosso protagonista.
A partir dessa premissa, medo e reflexão insurgem no cenário ideal pra, de forma a extrapolar o que somos, pôr em cheque nossos conflitos reais. #Alive sustenta bem a trama, principalmente na fotografia enclausurada. Sem banalizar o assassinato (erro comum desses filmes - ora, matar uma pessoa, ainda que seja um morto-vivo, não deve ser tarefa fácil pra ninguém) -, sem enfileirar grandes sequências de ação, cumpre seu papel de alegorizar nossa sociedade desestruturada num filme tenso, de personagens carismáticos e de boas sequências. Não é à toa que o final (sem spoilers, pode deixar) é justo e bem amarrado. Na lógica de subversão, #Alive prova, mais uma vez, que o cinema oriental está nadando de braçadas à frente das velhas fórmulas ocidentais. - DirectorCarlo Mirabella-DavisStarsHaley BennettAustin StowellDenis O'HareHunter, a newly pregnant housewife, finds herself increasingly compelled to consume dangerous objects. As her husband and his family tighten their control over her life, she must confront the dark secret behind her new obsession.02/jan
[Netflix]
7/10
A primeira imagem que me veio à mente quando terminei Swallow foi a de Sônia Braga, em Aquarius, dizendo que preferia cuspir tudo a engolir em seco e ter outro câncer. A expressão ("engolir em seco", "engolir sapo") cabe perfeitinha à empreitada do diretor Carlo Mirabella-Davis, que coordena sua narrativa a partir de princípios freudianos para analisar a fundo uma personagem bastante peculiar, que, grávida, resolve ingerir pequenos objetos para ter prazer.
A fase oral é a primeira do desenvolvimento psicossexual infantil. É a partir dela que bebês começam a conhecer o mundo - é a boca, afinal, a primeira parte do corpo sobre a qual a criança exerce poder. Chupar, comer, lamber, até estalar os lábios são atos associados ao prazer primário que nasce do ato de mamar, e que se manifestam no adulto como gratificação constante (mesmo que outras zonas de prazer se manifestem). Mal desenvolvida a fase oral, os adultos podem experimentar consequências psicológicas (como frustração, angústia, dependência emocional) e físicas (bulimia, anorexia) devastadoras.
É daqui que Carlo parte pra fazer seu estudo de personagem. A partir da perversa relação amorosa entre Hunter (a caçadora domesticada) e Richie (o riquinho dominador), o diretor busca amplificar a semântica da fase oral freudiana e, ali, buscar a resposta para a relação de domesticação do corpo feminino, dos matrimônios abusivos. E faz isso de maneira muito delicada: sua história, contada em cores expressivas e em silêncios mais fortes que diálogos, inclina-se sobre Hunter para compreender sua infelicidade como fruto de anos de docilização e adestramento. À medida que descobrimos seu passado, entendemos que sua vida é resultado de muitos atos de violência subsequentes, de desapontamentos, de silenciamentos. Hunter vai sendo rasgada em mesa cirúrgica para que possamos compreender as vertentes de infelicidade como a soma de muitos processos de extermínio (do corpo feminino, repito); à medida que a conhecemos (e que Hunter se reconhece), abrimos outros caminhos. A ideia é a de reconstruir(-se).
Não obstante, o diretor opta por uma narrativa sem grandes empreendimentos. Uma sensação desagradável permeia toda a narrativa. Mesmo em seu clímax, em que esperamos quebras ou reformulações de perspectiva, é estável. O problema é que, com isso, a dinâmica da agonia se transforma em estabilidade. Acostuma-se à aflição até que não nos aflija mais - e isso pesa na construção do desfecho. Ainda assim, é um forte thriller psicológico, que fascina por tudo que temos de engolir para chegar ao fim do percurso. - DirectorMong-Hong ChungStarsChien-Ho WuYi-Wen ChenSamantha Shu-Chin KoA family of four fractures under the weight of unmet expectations, unexpected tragedy, and uncompromising pride.02/jan
[Netflix]
8/10
Numa narrativa tradicional mas muito significativa, o diretor Mong-Hong Chun cria uma história de muitas nuances e, acima de tudo, de muito afeto. No fio que tece seu enredo, o diretor nos conduz pelas dores e pelas tristezas que se acumulam e perturbam as relações de uma família em Taiwan. Como trunfo, o diretor conta com atuações tão envolventes, que é impossível não se envolver com aquelas personagens tão vivas, tão transigentes. Há certos maneirismos cinematográficos que quase deixam escapar a mão no drama (na trilha excessiva; no último ato que se estende; em certa condescendência exagerada); mas os acertos (principalmente afetivos) são tão maiores que o filme transita com leveza e ternura ímpares. - DirectorGeorge LucasStarsEwan McGregorLiam NeesonNatalie PortmanTwo Jedi escape a hostile blockade to find allies and come across a young boy who may bring balance to the Force, but the long dormant Sith resurface to claim their original glory.02/jan*
[Disney+ | SW REVIEW]
5/10
É aquilo, né. Ninguém começou a gostar de Star Wars por conta disso aqui. - DirectorMelina MatsoukasStarsDaniel KaluuyaJodie Turner-SmithBokeem WoodbineA couple's first date takes an unexpected turn when a police officer pulls them over.03/jan
[Telecine Play]
9/10
Com uma trilha sonora de arrepiar - jazz, soul, trip-hop -, Matsoukas cria um road movie de proporções epopeicas. Com as atuações extraordinárias de Kaluuya e Turner-Smith, a poderosa estreia da diretora já marca um caminho repleto de cultura preta, de valorização de comunidade e de desafio ao sistema. Bonnie & Clyde modernos, Queen & Slim bebem do blaxploitation para construir uma narrativa que, ainda que falhe às vezes, tem alvo certo e atira com vontade. Brava. - DirectorNelson Pereira dos SantosStarsGrande OteloJece ValadãoMalu MaiaA talented songwriter of sambas is forced to face the social injustices of the city around him.04/jan
[Globoplay]
9/10
Ainda que Rio 40º seja seu filho mais velho e mais reconhecido, Nelson Pereira dos Santos escarafunchou de verdade o samba (com a preciosíssima ajuda de Zé Keti nas composições) e a favela carioca neste Rio, Zona Norte. Acompanhado de um Grande Otelo chapliniano - e esse é um dos maiores elogios que podemos fazer à genialidade da composição de seu personagem, Espírito da Luz -, o filme reconstrói as relações de exploração, de jugo e de idílio pelas quais o sambista passa. Inquestionavelmente, Nelson realiza um dos maiores feitos de seu cinema: ao olhar pro morro com a ternura subversiva de quem sabe que ali estão nossas raízes, nossas bases - mesmo que à época o samba se submetesse a tantos preconceitos -, constrange o Rio da Zona Sul e o sujeita a curvar-se ao outro, o do subúrbio. Não é pra qualquer um. - DirectorAl CampbellAlice MathiasStarsSamuel L. JacksonHugh GrantLisa KudrowIn mockumentary format, characters discuss events of 2020 with a mixture of true information and satire. The overarching topic is the COVID-19 pandemic, particularly in the US and UK.05/jan
[Netflix]
7/10
O mundo, aparentemente, a contar por este "2020 nunca mais", está resumido aos USandA e à Inglaterra. Não obstante, a mordacidade e o timing para a comédia tornam este mockumentary um documento(?) bizarro sobre o que foi sobreviver a esse ano maldito. Despretensiosamente, como o filme, fomos adiante. - DirectorRemi WeekesStarsSope DirisuWunmi MosakuMalaika Wakoli-AbigabaA refugee couple makes a harrowing escape from war-torn South Sudan, but then they struggle to adjust to their new life in an English town that has an evil lurking beneath the surface.05/jan
[Netflix]
8/10
Um casal foge da guerra civil no Sudão. Seu barco naufraga e mata sua filha. Salvos pela marinha inglesa, são relocados para uma casa pelo serviço de imigração. A partir daí, o novato diretor Remi Weekes deita no terror pra contar sua história: culpa, medo, ancestralidade, migração, xenofobia - absolutamente tudo é matéria para seus olhares (e se tem algo que o gênero permite é isto: que se subverte a realidade é, pela liberdade da loucura, do expressionismo, reconstrua-se uma narrativa em que início e fim tergiversem, em que abstração e figurativismo contemplem um mesmo quadro. O terror está justamente na impossibilidade de se encarar o que se conhece, a memória, a culpa). Há problemas - personagens subaproveitados, efeitos visuais desnecessários, certo excesso de clichês colocados no roteiro a custo -, mas, como em todo bom terror, o que conta não é o que se vê, explícito, mas o subtexto que se busca, ontologicamente. Ali Weekes acerta em cheio. Sejamos francos: seu trabalho é facilitado demais pela força interpretativa de Wunmi Mosaku, atriz por quem minha admiração cresce exponencialmente (Lovecraft Country que o diga). Ainda assim, trata-se de uma história urgente, para a qual o diretor presta grande reverência. - DirectorNinian DoffStarsLewis GribbenRian GordonViraj JunejaAn anarchic, hip-hop inspired comedy that follows four city boys on a wilderness trek as they try to escape a mysterious huntsman.07/jan
[Amazon Prime]
8/10
Completamente anárquico, distópico, esse filme sobre quatro amigos nas High Lands escocesa é uma alucinação de hora e meia que diverte até o talo. Apostando numa coesão surreal, o diretor Ninian Doff extrapola as tintas narrativas em prol da insanidade e da subversão, de diálogos rápidos (I've never seen a murder before, I'm homeschooled!) e tão estúpidos (o trecho de I've not had a ciabatta in weekes! é de chorar!) que custa a crer que alguém tenha bancando dinheiro nessa insanidade. Imperdível. - DirectorGeorge ClooneyStarsGeorge ClooneyFelicity JonesDavid OyelowoThis post-apocalyptic tale follows Augustine, a lonely scientist in the Arctic, as he races to stop Sully and her fellow astronauts from returning home to a mysterious global catastrophe.08/jan
[Netflix]
6/10
Das coisas que mais gosto no trabalho consistente de Clooney na direção é que ele sempre parece saber a dimensão humana exata de seus personagens. Neste filme, apesar de Clooney parecer costurar outras narrativas (melhores, inclusive) - há influências óbvias de 2001 e Gravidade, e há as menos óbvias de Wall-e e Viagem ao Fim do Universo -, sua mão pesa significativamente na construção dos afetos, das relações, das necessidades. Acompanhado de uma trilha linda toda vida do sempre competente Alexandre Desplat e da significativa direção de arte do espacial Tim Browning, Clooney quase escapa pela tangent, mas oferta mais um filme sobre quem somos e sobre nossos laços. Pode não ser o suficiente para um clássico mas está longe de ser uma decepção. - DirectorSam FederStarsLaverne CoxBianca LeighJen RichardsAn in-depth look at Hollywood's depiction of transgender people and the impact of those stories on transgender lives and American culture.09/jan
[Netflix]
10/10
Não há muito o que falar: Revelação é um documentário essencial para se compreender como a ficção objetificou pessoas trans e nos trouxe aonde estamos - numa sociedade doente, intolerante, compulsiva por normatividade. O diretor Sam Feder não se esquiva de entrelaçar a transexualidade com questões de gênero, de sexualidade e de gênero, embaraçando as narrativas e compreendendo privilégios. Fundamental. - DirectorAlfonso CuarónStarsDaniel RadcliffeEmma WatsonRupert GrintHarry Potter, Ron and Hermione return to Hogwarts School of Witchcraft and Wizardry for their third year of study, where they delve into the mystery surrounding an escaped prisoner who poses a dangerous threat to the young wizard.09/jan*
[Blu-ray | HP REVIEW]
10/10 [NOTA MANTIDA] - DirectorMike NewellStarsDaniel RadcliffeEmma WatsonRupert GrintHarry Potter finds himself competing in a hazardous tournament between rival schools of magic, but he is distracted by recurring nightmares.10/jan*
[Blu-ray | HP REVIEW]
6/10 [NOTA MANTIDA]
É curioso que o livro que mais tivesse potencial para se transformar em filme tenha sofrido uma adaptação tão mequetrefe. O excesso de literalidade prejudica o ritmo, e a mão pesada de Mike Newell fere bastante a magia estabelecida pela estrutura narrativa de Cuarón no antecessor. Apesar do final - o retorno de Lord Voldemort é realmente tenso (yay!, Ralph Fiennes!) e a morte de Diggory, muito sentida -, o filme vacila mais que a atuação meia-boca de Daniel Radcliffe, que demorou a aprender a atuar. Não é de todo ruim, não, mas está longe de cumprir aquilo que prometia. - DirectorAntônio CalmonStarsAndré de BiaseCláudia MagnoRicardo Graça MelloRomantic adventures of a group of Rio de Janeiro teenagers and surfers.19/jan
[Globoplay]
6/10
Menino foge de Florianópolis pra tentar a vida no Rio e faz amizade com garoto que se apaixona por garota que ama o pai dele. A trama é um what-the-fuck genérico toda vida, é verdade. Só que a narrativa, estruturada entre o humor debochado do grupo carioca Asdrúbal Trouxe o Trombone (de onde vêm Evandro Mesquita e Nina de Pádua) e a ousadia contida das pornochanchadas, traz um retrato naïf de um país ainda machucado pela ditadura, mas que de alguma forma acreditava em si mesmo. Com uma trilha maravilhosa - repleta de BRock e pop do início da década - e atuações caricatas e muito engraçadas (quase sempre de modo involuntário), Antônio Calmon traz um retrato (novelesco, kitsch, afetuoso e cheio de saudade) da contracultura, dos filmes-do-Elvis, dos romances e dos quadrinhos pulp, das tragédias. E essa imagem pra-sempre do André de Biasi como eterno "menino do Rio", que até hoje provoca calores e arrepios. - DirectorRegina KingStarsKingsley Ben-AdirEli GoreeAldis HodgeA fictional account of one incredible night where icons Muhammad Ali, Malcolm X, Sam Cooke, and Jim Brown gathered discussing their roles in the Civil Rights Movement and cultural upheaval of the 60s.20/jan
[Amazon Prime]
8/10 - DirectorBabak AnvariStarsNarges RashidiAvin ManshadiBobby NaderiAs a mother and daughter struggle to cope with the terrors of the post-revolution, war-torn Tehran of the 1980s, a mysterious evil begins to haunt their home.21/jan
[Netflix]
7/10
Gosto quando o horror encontra sua sombra na contraparte real da narrativa. Por isso, o filme de estreia de Babak Anvari me parece tão certeiro: o medo está além do sobrenatural; nasce nos traumas de uma guerra perene e nos porões de uma sociedade aprisionada. Do desejo de libertação (feminina, humana), constrói-se uma trama seca, dura, devastada pela opressão. Alegoria precisa do diretor iraniano. - DirectorMartin ScorseseStarsRobert De NiroRay LiottaJoe PesciThe story of Henry Hill and his life in the mafia, covering his relationship with his wife Karen and his mob partners Jimmy Conway and Tommy DeVito.21/jan*
[Apple TV]
10/10
Não é só porque a história é boa, porque ela tem um ritmo ímpar, porque Scorsese é gênio. É porque é um filme perfeito - no arcabouço cinematográfico, na luz, nas atuações. É aula. AULA. - DirectorGeorge LucasStarsHayden ChristensenNatalie PortmanEwan McGregorTen years after initially meeting, Anakin Skywalker shares a forbidden romance with Padmé Amidala, while Obi-Wan Kenobi discovers a secret clone army crafted for the Jedi.23/jan*
[Disney+ | SW REVIEW]
3/10 [REVISÃO DE NOTA; 4 > 3]
Eu sei que sou voz vencida, mas vou continuar a gritar até cansar: o Ataque dos Clones é um dos filmes mais vergonhosos de todos os tempos. Quando não parece um vídeo-game mal acabado, com efeitos que envelhecem mal a cada revisão (pelamordedeus!, não há vergonha alheia maior que Padmé comendo uma fruta digital e rolando em campos de chroma key), é um filme de diálogos canhestros (quando não constrangedores) e atuações tão tão tão ruins que chegam a deixar Ed Wood emocionado (Hayden, meu filho, atuar não é pra você, não...). É difícil entender, afinal, como Vader era tão bom em ser mau, quando, na verdade, seu passado nos mostra só um moleque mimado e chato pra diabos, guiado por um Obi Wan abobalhado e por um Conselho Jedi ineficaz e excessivamente inocente - o que revela uma visão enviesada de Lucas sobre a bondade e a corretude estarem diretamente relacionadas à passividade e à inépcia. Além de tudo, uma análise da estrutura política ainda revela um subtexto em que se considera uma certa tendência ao totalitarismo (como os Jedi poderiam apoiar, de qualquer forma, a moção por um Chanceler Supremo durante a crise do Senado? Não bastasse terem escrotizado o pobre Jar Jar no primeiro filme, ainda o puseram como porta-voz da ascensão de Palpatine MEUDEUS!). O filme esconde o que deveria mostrar - a raiva pungente em Anakin, sua decadência em direção às sombras - e gasta horas num romance insosso e sem química (sério, a primeira hora de filme é um nada, um vazio inútil). Tudo parece desajustado - nem o clímax parece realmente o clímax, dada a incapacidade de o diretor criar tensão. Nessa salada de exageros, personagens caricatos, trilha insossa (e reciclada do primeiro episódio) e tentativas frustradas de criar rima com os filmes anteriores (como Anakin perdendo o braço tal qual Luke) tornam este um dos piores exemplos do que Star Wars pode ser. Para que não se diga que nada é bom: a cena final, com a organização do exército de clones enquanto Palpatine observa o futuro do Império é de arrepiar - e de irritar ao mesmo tempo, porque mostra o verdadeiro potencial que o filme poderia desenvolver. - DirectorOz RodriguezStarsJaden MichaelGerald JonesGregory Diaz IVA group of young friends from the Bronx fight to save their neighborhood from gentrification...and vampires.23/jan
[Netflix]
8/10
Com uma alegoria muito bem sacada - em que os vampiros são empreiteiros brancos responsáveis pela especulação imobiliária do Bronx -, o filme é uma sátira mordaz ao capitalismo, à perda de identidade da periferia, à gentrificação e ao apagamento da cultura de gueto. Da mesma forma que seu coirmão inglês, "Attack the block", em quem certamente se inspirou, a narrativa do diretor Oz Rodriguez sugere que é na reunião da comunidade que se retoma a identidade que vai lentamente sendo apagada. Na confluência do pulp e do terror, o filme vai brincando de super-herói na superfície e mandando o papo reto de adulto na entrelinha, com carisma e muita ternura. - DirectorZu QuirkeStarsSydney SweeneyMadison IsemanJacques ColimonAn incredibly gifted pianist makes a Faustian bargain to overtake her older sister at a prestigious institution for classical musicians.24/jan
[Netflix]
7/10
Da cepa do novo terror - cujos horrores nascem de monstros internalizados (o medo, a depressão, a frustração) -, este Noturno é uma boa amostra. Com uma trilha imersiva e eficiente (como era de se esperar, considerando que Noturno é uma referência a um tipo de composição evocativa à noite), a narrativa de duas irmãs em conflito converge em certo subtexto disposto a abordar melancolia, depressão, suicídio. Como se pode imaginar, há muitos gatilhos que podem ser acionados, mas pouca violência gráfica; a tensão é construída sempre de dentro pra fora, até a impactante (com duplo sentido) colisão dos mundos interno e externo. Daí o fato de serem gêmeas é só mais um pretexto (já estereotipado pela linguagem cinematográfica) para trabalhar com a sombra junguiana, a contraparte etc. Se não é surpreendente, é muito competente ao que se propõe. - DirectorRamin BahraniStarsAdarsh GouravRajkummar RaoPriyanka Chopra JonasAn ambitious Indian driver uses his wit and cunning to escape from poverty and rise to the top. An epic journey based on the New York Times bestseller.26/jan
[Netflix]
5/10
Apesar dos bons adjetivos na análise estrutural da narrativa - todos méritos do diretor de fotografia Paolo Carnera e da direção de arte de Yasmin Sethi -, O Tigre Branco vende forma sobre conteúdo e apresenta narrativa apenas razoável. O problema está na essência: afinal, a construção do argumento e do personagem principal Balram é repleta de maniqueísmos, deus ex machina e coincidências formulaicas de roteirista preguiçoso - e de um diretor que também parece se encostar numa premissa conflituosa, interessante, mas que se perde em sua canhestra reflexão.
Por isso, é injusto que esta narrativa seja de algum modo comparada a Parasita: as relações entre eles são apenas superficiais - vá lá, ambos se tangenciam na discussão do conflito de classes e aí se esgotam os termos. Enquanto o indiano abusa de estereótipos, narrações em off (e até uma quebra de quarta parede constrangedora e deslocadíssima no final) e, em camadas mais profundas, até de preconceitos racistas sobre a questão das castas na Índia, o sul-coreano bebe da complexidade dos dilemas internos das relações sociais e da lógica perversa do capital pra inverter o jogo. De outro modo: o indiano faz uma leitura determinista e embaraçada dos conflitos; o sul-coreano, uma análise psicossocial das mesmas relações. Nem cabe comparação.
(E daí é curioso que o filme deboche dos estereótipos de Quem quer ser um Milionário e, ao mesmo tempo, se pareça tanto com ele - na alinearidade narrativa, na construção do personagem principal, na ostensiva valorização da estética da pobreza, no clímax... Tiro no pé.)
Não é de todo mau e inquestionavelmente o filme se basta sem comparações. Provavelmente, só sem comparações mesmo.